Trigo Brasil
O preço do trigo no Brasil encerrou a segunda semana de outubro com alta entre 1,09% a 3,27% na variação semanal. As cotações do Paraná, maior estado produtor de trigo do país, fecharam valendo R$ 67,45/saca com valorização de 2,85% em uma semana.
Mesmo com o Deral apontando que a colheita de trigo paranaense já foi realizada em 73% das áreas, o que significa que a oferta do cereal está mais aquecida nas praças comercializadoras, o preço da commoditie está elevado, associado aos altos patamares praticados no mercado externo.
A produção paranaense, que representa 48% do volume previsto para a temporada, deve ser a segunda maior da história em volume, chega a ser comercializada com custo quase 50% maior que em igual período do ano passado. O preço médio do lote de trigo do Paraná, tem atingido com facilidade cotações entre R$ 1.200,00 a R$ 1.300,00 a tonelada.
Os produtores estão concentrados em não ceder a cotações menores, tendo em vista que a paridade de importação continua elevada, com o custo do trigo argentino e norte-americano contabilizando também consecutivos ganhos, dado o cenário de menor oferta mundial do cereal e leve aumento na demanda.
No Rio Grande do Sul, o informativo conjuntural da Emater-RS, apresentado nesta quinta (08), confirmou que 2% das lavouras de trigo já foram colhidas. O resultado é similar ao realizado em igual período do ano passado, mas 2% atrasado diante da média das últimas cinco safras.
As condições climáticas de seca continua preocupando os produtores de trigo tanto do RS, como do PR, que ainda ficam em alerta com a possibilidade de ver a produtividade do cereal reduzir em virtude da baixa disponibilidade hídrica do solo, que influencia no menor rendimento do grão.
Esse cenário, além do dólar valorizado e alta do cereal no mercado externo, é o que tem respaldado o mercado a continuar com a elevação dos preços.
Em seu último levantamento, a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab manteve a sua estimativa de que a produção brasileira de trigo em 2020 deverá atingir 6.814,2 mil toneladas. Caso este resultado se confirme, o volume total será 32% superior à safra do ano passado que alcançou 5.154,7 mil toneladas do produto. Deste número, o Paraná e Rio Grande do Sul, concentram 88% do total plantado.
Trigo Argentina
Desde o começo da semana, o preço do trigo da Argentina registrou aumento nas cotações, fundamentado principalmente na movimentação de alta do mercado externo.
Além disso, as previsões climáticas de seca, que predominam principalmente na região de Córdoba e tem afetado significativamente a produção do cereal do país vizinho, tem impactado no mercado, sustentando a alta dos preços.
De acordo com a Bolsa de Cereales, em boletim divulgado na quinta (08), a semana compreendeu chuvas localizadas na região de NOA e NEA, mas que auxiliaram na melhora da capacidade hídrica do solo, o que deve ajudar no desenvolvimento do trigo que se encontra em fase crítica. As chuvas também acabaram combatendo os impactos das geadas que ocorreram nas áreas agrícolas no período.
Essas chuvas que ocorreram principalmente ao Sul, melhoraram as condições de lavouras da região, concentrando 90% do cereal em situação normal ou excelente, graças a melhora das condições hídricas.
No mesmo levantamento, foi reportado de 47,9% das áreas está com condições hidricas regulares ou de seca, sendo que a região norte, é a área mais afetada pelo estresse hídrico.
No levantamento desta sexta (09), reportado pelo USDA, a produção de trigo da Argentina para safra 2020/21 deverá ficar em 19,0 milhões de toneladas, com queda de 2,56% diante do projetado no relatório WASDE anterior. No entanto, o levantamento dos agentes da Argentina, relata um número bem inferior, de 17,5 milhões de toneladas, ou seja, com queda de 3,5 milhões de toneladas se comparado a previsão inicial de produção, que era de 21,0 milhões de tons.
Nas cotações, a Bolsa de Cereales fechou com variação semanal mista, com valorização de até 4,95% nos futuros de out/20 a dez/20. Mas com queda de até 1,25% para os prazos de jan/21 a abr/21.
Trigo Mercado Externo
O preço do trigo hard fechou a sexta-feira (09), valendo US$ 196,76/ton para os futuros de dez/20 com valorização de 1,30% na variação diária e 5,10% de alta na variação semanal. O indicador é melhor preço visto desde julho do ano passado, quando o trigo para dez/20 estava em US$ 201,63/ton.
Por outro lado, os índices do trigo soft tiveram retração na variação diária, mas alta de até 3,58% na variação semanal.
Durante a semana a Bolsa de Chicago registrou seguidos aumentos, com recuo somente na quinta (08), quando os agentes estavam apreensivos com os dados que seriam divulgados pelo USDA na sexta (09), através do seu relatório mensal de oferta e demanda mundial de grãos, o WASDE.
Segundo o levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA, a safra de trigo mundial 2020/21, deverá ser de 773,08 milhões de toneladas, com incremento de 0,34% comparado ao número informado no relatório de agosto. No entanto, o USDA reportou que a oferta mundial de trigo ficaria em 1,002 milhão de toneladas, com queda de 6,33% ao informado no levantamento passado que era de 1,070 milhão.
Os principais ajustes foram realizados na safra de trigo dos EUA, que teve queda tanto no estoque inicial, como na produção, que ficou em atuais 49,69 milhões de toneladas. Deste modo, o estoque final previsto foi para 24,03 milhões de toneladas, com recuo de 4,61% ao volume informado no mês passado.
Para o Brasil, o USDA não realizou nenhum ajuste e o volume estimado de importação do cereal se manteve em 6,7 milhões de toneladas, considerando uma necessidade de consumo em 12,2 milhões de tons.
Fonte: AF News
Disponível em: https://www.afnews.com.br/noticia.php?id=3162