O preço do trigo brasileiro encerrou a semana em alta, fortalecido pela escassez na demanda. O plantio do cereal já atinge a reta final na região Sul do país, mas em algumas áreas do Rio Grande do Sul a semeadura ficou retraída pelas condições climáticas. Na Argentina, os campos de cultivo de trigo foram reduzidos devido ao déficit hídrico que as regiões produtoras estão passando. As cotações na Bolsa de Chicago foram de incrementos durante a semana, com as especulações de redução de produtividade em países da União Europeia e Rússia. Confira:

A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), elevou a expectativa da produção de grãos (soja, milho e trigo), em seu boletim disponibilizado na terça-feira (08), estimando uma produção 3,9% superior a safra 2018/19. Ênfase para a cultura do trigo, que exibiu significativo crescimento na área em 13,7%, situando-se em 2,32 milhões de hectares. Já a produção, dependerá do comportamento climático nas áreas plantadas, mas a Companhia prevê uma colheita em 6,3 milhões de toneladas.

O aumento nas áreas de cultivo foi influenciado pelos patamares altivos praticados no mercado do trigo, e condições climáticas favoráveis previstas, impulsionando a opção pela cultura e o aumento na extensão das lavouras.

Em relação ao plantio da safra de trigo no Paraná, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento SEAB, por meio do Departamento de Economia Rural (DERAL), publicou na última terça-feira (07), que 97% das lavouras de trigo estão semeadas, correspondendo a 1.093,53 hectares plantados, dos 1.299,956 destinados a cultura.

Os campos destinados ao plantio de trigo progridem em semeadura, de forma mais intensificada até o dia 06 de julho. Em conjuntural da Emater-RS, publicado quinta-feira (09), o estado gaúcho já se encontra com 95% das lavouras implantadas, incrementando em 8% o resultado da semana passada.

Em alguns núcleos regionais gaúchos, o processo de plantio do trigo foi concluído na Fronteira Oeste, e em Frederico Westphalen 98% das áreas foram plantadas. Na maior parte das regiões o processo foi interrompido pelas chuvas no estado.

A semana encerrou, com as cotações do trigo no mercado doméstico, reajustadas positivamente. No estado Catarinense o acúmulo foi de 2,55%, nesta sexta-feira (10) o valor médio pago no balcão é de R$ 56,63/saca.

Nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, os ganhos não foram tão intensos, mas mantiveram os preços firmes entre R$ 58,00/saca e R$ 54,10/saca respectivamente.

Trigo Argentina

O mercado de trigo argentino passou por diferentes situações nesta última semana: aumento nas cotações, redução na produção da próxima safra e melhora no volume de comercialização das safras 2019/20 e 2020/21, conforme dados divulgados pela Magyp.

No início da semana, a Bolsa de Cereales realizou um levantamento em relação as lavouras de trigo e também quanto as previsões climáticas que estão impactando o desenvolvimento das lavouras já instaladas.

Essa análise levou os agentes a diminuírem suas previsões de produção de trigo da safra 2020/21, por conta de uma redução nas áreas de cultivo, especialmente onde o déficit hídrico está em situação crítica, fator este que obrigou aos produtores optarem por esta alternativa.

Atualmente a previsão ficou em 6,5 milhões de toneladas e este já é o terceiro ajuste, desde que o órgão havia informado que o plantio inicial englobaria 6,8 milhões de tons, resultando em uma colheita recorde 22,0 milhões de toneladas.

Por outro lado, o mercado reagiu aos indicadores, elevando a cotação do trigo argentino em 0,83% no mercado físico, para US$ 244,00/ton e travou acréscimos de 0,45% a 1,93% aos futuros no período de ago/20 a jan/21. Porém, na Bolsa de Cereales nem todos os períodos de entrega tiveram essa valorização e alguns contratos, registraram variações mistas ao longo da semana.

Nas exportações, tanto as vendas da safra de trigo 2019/20, como a safra nova 2020/21, apresentaram boa recuperação no período de 25 de junho a 01 de julho. Os dados foram divulgados na última quarta (07), pelo Ministério da Agricultura da Argentina.

Já com relação aos embarques, a Agência Marítima NABSA divulgou o Line Up de exportação de trigo para os 09 a 15 de julho, declarando o envio de 117,5 mil toneladas de trigo para o exterior, com retração de 20,07% comparado com a semana anterior. Os embarques estão todos destinados ao Brasil, assim como a semana passada. Os principais compradores foram: Macedo (30,0 mil tons), Bunge (27,5 mil tons) e destinos desconhecidos (60,0 mil tons).

Mercado Externo

A semana entre os dias 02 a 10 de julho, na Bolsa de Chicago para os contratados de trigo dos tipo hard e soft, foram de lucros, reflexo das expectativas reduzidas da produção no cereal, pelos principais produtores.

As cotações do trigo soft com entrega entre jul/20 a mai/21, acumularam ganhos diários no período de segunda-feira (06) até hoje (10). Na variação semanal os incrementos foram entre 6,24% a 9,34%, com maiores ganhos nas entregas de jul/20. Na rodada de hoje (10), os ganhos no soft foram auxiliados pela divulgação do WASDE, relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA), que reduziu em 0,53% as projeções da produção de trigo na safra 2020/21.

Os contratos futuros do hard, caíram nesta sexta-feira (10) na Bolsa de Chicago. Os recuos findaram entre 0,68% a 1,05% para as entregas entre jul/20 a mai/21. No entanto, no agrupamento semanal o trigo tipo hard, obteve acúmulos positivos entre 3,70% a 4,68%. As negociações de jul/20 foram as que se valorizaram.

Antecedendo a divulgação do USDA, as especulações eram de redução da produção de trigo da França com o Ministério da Agricultura do país divulgando na terça-feira (07) novas estimativas, mostrando que a safra de trigo soft em 2020 poderá recuar em até 21% do volume inicialmente esperado.

A alta umidade na época de plantio e uma primavera seca dizimaram os rendimentos da safra de 2020, elevando os preços futuros do trigo soft em Chicago com base na previsão de oferta reduzida. A França é o maior produtor de grãos do bloco comercial da União Europeia.

Segundo a Consultoria ProAgro, o clima desfavorável também atingiu o cultivo de trigo na Ucrânia, retraindo as margens de produção. A baixa seria de 8% ante a safra passada, porém, dados do WASDE de sexta (10), demonstraram o oposto, com aumento no volume de produção e estoques finais maiores ao projetado no relatório passado.

Fonte: AF News

Dispónível em: https://www.afnews.com.br/noticia.php?id=2746