Trigo Brasil

A colheita de trigo já atingiu 63% das lavouras destinadas a cultura no Paraná, maior produtor brasileiro do cereal. De acordo com o Deral, até o último dia 28 de setembro, 68% do trigo que ainda estava no campo, foi qualificado em boas condições, 27% regulares e 6% em situação ruim.

No Rio Grande do Sul, a colheita de trigo ainda não começou. De acordo com o levantamento semanal da Emater-RS, até ontem (01/10), 22% das lavouras haviam entrado na fase de maturação, último estágio de cultivo do trigo, com adiantamento de 13% em relação a semana passada. 55% do cereal está na fase de enchimento de grãos, 20% em floração e 2% em situação de desenvolvimento vegetativo.

Historicamente, com o início da colheita, o preço do trigo tende a diminuir por conta do aquecimento da oferta do cereal no mercado interno. No entanto, a situação de seca que atuou durante todo o ciclo de cultivo de trigo do Paraná e de parte do Rio Grande do Sul, além das fortes geadas no final do mês de agosto, ocasionaram perdas na produtividade do cereal nos dois principais estados produtores.

Ainda assim, de acordo com o levantamento mensal da produção de grãos da Conab de setembro, teve queda de apenas 0,26% para o trigo da safra 2020, ficando em 6,814 milhões de toneladas. Se confirmado, este volume representa uma produção 32,2% maior que o ano passado, quando a safra ficou em somente 5,154 milhões de tons.

No entanto, mesmo com uma produção satisfatória, o que poderia pressionar a cotação do trigono mercado brasileiro, os produtores continuam reprimidos dos negócios com valores mais baixos, porque a qualidade industrial do trigo neste ano está superior a de anos anteriores.

Outro ponto que fortalece ainda mais os preços em patamares elevados, é a cotação do dólar, que continua em alta, com a projeção inclusive de chegar o final do ano próximo aos R$ 6,00. Nesta semana, entre os dias 28 de setembro a 01 de outubro, a cotação do dólar operou todos os dias acima dos R$ 5,60. Isto faz com que o trigo importado continue com alto custo de aquisição, deixando a paridade de importação sem atratividade.

Sendo assim, o preço do trigo pago ao produtor, teve aumento na variação mensal entre 3,13% a 9,59% neste mês de setembro. Sendo que no Paraná, os indices foram de R$ 59,44/saca em 31/08 e fechou valendo R$ 65,14/saca em 30/09.

O preço médio do lote do trigo também opera elevado, com negócios no Rio Grande do Sul saindo a R$ 1.200,00/ton e no Paraná, o trigo chega a custar R$ 1.300/ton. Um aumento acima de 40% comparado ao mesmo período do ano passado.

Trigo Argentina

Assim como no Brasil, a situação de estiagem também afetou as lavouras de trigo do país vizinho, que teve uma drástica redução nas suas estimativas da safra de trigo atual. De acordo com a Bolsa de Cereales, a produção de trigo 2020/21 caiu para 17,5 milhões de toneladas, uma retração de 17% a projeção inicial que era de 21,0 milhões de toneladas.

Embora a Bolsa de Cereales, tenha reportado em seu último boletim semanal divulgado ontem (01), que as precipitações dos últimos dias, aumentaram as condições hídricas adequadas para o trigo em 17% ante a semana anterior. A situação de seca ainda permeia em 46,1% das áreas semeadas, o que continua preocupando os produtores.

Este cenário sobre a redução da produção de trigo da Argentina, também afetou o volume disponibilizado para exportação do cereal da nova safra, para 11,5 milhões de toneladas, volume inferior ao disponibilizado na safra passada, que era em torno de 13 milhões de tons.

Toda essa junção de fatores, impactou diretamente no preço do trigo da Argentina, que subiu entre 1,59% a 8,10% nos contratos futuros da Bolsa de Cereales, com o período de entrega entre set/20 a mar/21. O trigo no mercado spot, teve acréscimo de 3,27% na variação mensal, saindo de US$ 245/ton em 31 de agosto, para US$ 253,00/ton no dia 30 de setembro.

Trigo Mercado Externo

Durante o último mês, o preço do trigo norte-americano sofreu forte volatilidade, tendo recuado com as previsões do relatório mensal do USDA na metade do mês, cuja projeção da produção mundial de trigo safra 2020/21 ficou em 770,49 milhões de toneladas com incremento de 0,58% mediante o relatório anterior.

A demanda interna e exportação também teve aumento nos seus indicadores, mas isto não interferiu de que os estoques finais também aumentassem em 0,81% para 319,37 milhões e por isso, o mercado reagiu negativamente aos indicadores.

Na segunda quinzena do mês, a cotação do trigo dos EUA foi se recuperando vagarosamente, já que a colheita do trigo de primavera que finalizou com o fechamento do mês, ainda estava em andamento, limitando os ganhos.

De acordo com o USDA, ainda no mês de setembro, o plantio de trigo de inverno foi iniciado, tendo atingido 35% do plantio até o último domingo de setembro (27/09). O percentual está praticamente alinhado aos 34% relatados em igual período de 2019 e aos 33% da média dos últimos cinco anos.

Para encerrar o mês, na quarta-feira (30/09), o USDA divulgou o seu relatório trimestral de grãos, tendo reduzido os estoques do trigo norte-americano para 58,7 milhões de toneladas, além de diminuir também as previsões para a soja e milho.

Este fator causou alvoroço no mercado das commodities agrícolas e elevou a cotação do trigona Bolsa de Chicago, resultando em um ganho mensal nos indicadores que ficaram com alta entre 3,03% a 4,66% para o trigo hard nos futuros com entrega entre dez/20 a set/21. O trigo soft, sofreu reajuste de alta entre 5,81% a 7,26% para o mesmo período.

Nos demais países, a Rússia, Ucrânia e União Europeia também passaram um bom período da safra de trigo com estresse hídrico e isso pode impactar ainda mais na queda da produção mundial de trigo até o final do ano. Este cenário mantém os vendedores confortáveis para manter a cotação do trigo em patamares elevados.

Fonte: AF News