As primeiras lavouras para a safra 2020 do trigo já começaram a ser semeadas no Rio Grande do Sul e o produtor precisa ficar atento aos cuidados e monitoramento da lavoura, para garantir boa produtividade na hora da colheita. Depois de enfrentar uma quebra expressiva na safra de soja, a expectativa é que a área de produção de trigo tenha aumento em 2020, tendo em vista que o produtor tenta minimizar os impactos negativos com a outra safra. E, os prognósticos climáticos e preços do trigo, são favoráveis nesse momento.

Segundo Elmar Luiz Floss - Doutor em Agronomia, especialista em fisiologia, nutrição e manejo de culturas de lavoura, nas regiões mais quentes como na área de São Luiz Gonzaga/RS os trabalhos já estão mais avançados nas lavouras. Já nas áreas mais frias do estado, como em Lagoa Vermelha/RS o produtor deve fazer o plantio apenas em julho, para evitar danos por geadas no início da primavera. "A recomendação é esperar principalmente esse ano porque as condições climáticas até agora são de inverno mais frio e deve se estender, nós vamos até a Primavera com frio", destaca Floss.

A previsão do tempo para os próximos dias indicam novas chances de chuvas para todo o Rio Grande do Sul, com volumes previstos entre 30 e 50 milímetros de precipitação, de acordo com os modelos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo Floss, o solo já tem a umidade adequada para garantir a semeadura e as novas chuvas não devem trazer problema ao produtor. Apesar de chamar atenção, devido a estiagem que a região enfrentou, ele destaca que os volumes em questão não devem levar problemas para o desenvolvimento do trigo.

Também é indicado que o produtor escolha fazer a semeadura de três cultivares de diferentes ciclos, para assim tentar minimizar os possíveis impactos, levando em consideração que as questões climáticas que podem mudar de um dia para o outro. "Além disso, tratar adequadamente essa semente com bom fungicida e inseticida porque aí você coloca no solo uma semente limpa e a partir daí ter os cuidados. No estágio de três folhas formadas, é o momento ideal para entrar com a primeira adubação nitrogenada", explica, para acelerar o perfilhamento. A primeira aplicação deve acontecer em torno de 21 dias depois da semeadura para cultivares mais precoces e no caso das cultivares de ciclo tardio, cerca de 28 dias após a semeadura.

Neste estágio de desenvolvimento o produtor também precisa estar atento ao controle das plantas daninhas. "A partir dessa fase a competição de plantas daninhas com trigo já pode afetar o rendimento desse grão", completa. A maneira mais eficaz para fazer esse controle é fazendo corretamente as aplicações de herbicidas, principalmente em áreas que podem ter competição com aveia e azevém.

É importante que o produtor precisa monitorar diariamente as doenças nas lavouras. Segundo Floss, os estudos mais recentes indicam que já é interessante que na fase final de afilhamento fazer a primeira aplicação de fungicida para controlar principalmente as manchas foliares. "Quanto mais cedo você controlar essas doenças, é melhor. Isso evoluiu muito e agora a gente vê a primeira aplicação quando o trigo está nessa fase", explica.

O professor explica que o produtor que já faz uso das melhores tecnologias e de aplicação, também tende a ter um maior aproveitamento produtivo. Destaca ainda que há uma correlação muito positiva entre a formação de raízes e o afilhamento, ou seja, quando se dá condições adequadas para a planta de trigo enraizar bem, ela também afilha mais cedo. "Um pouco de nitrogênio na semeadura, um pouco de nitrogênio de cobertura nessa fase de início de afilhamento, para ajudar também na formação da espiga que está acontecendo no interior da planta", destaca. A segunda adubação nitrogenada em cobertura deve ser realizada no estádio de elongação.

Floss afirma ainda que tem sido observado para ter um trigo de alta qualidade, é interessante fazer ainda mais uma aplicação na reta final de desenvolvimento. "Que pode ser feito com nitrogênio sólido ou então a quinta parte disso líquido. Ou seja, para cada 1 quilo de nitrogênio aplicado nessa fase, via foliar na forma liquida, tem mais resultados do que aplicar 5 kg de nitrogênio sólido no solo", finaliza.

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